As populações humanas no planeta estão cada vez mais concentradas nas cidades, o que gera uma série de problemas, como a redução drástica da cobertura vegetal, o que por sua vez irá ocasionar uma perda significativa de qualidade de vida destas populações. Cidades saudáveis, mais agradáveis de viver dependem de uma boa cobertura vegetal natural e de uma boa arborização, é inconteste. Esta consciência tem se ampliado nos últimos anos e há iniciativas várias de plantio de árvores em muitas cidades do Brasil só que em muitos casos, sem o devido conhecimento técnico, uma vez que, infelizmente com plantas, muitos acham que sabem e fazem de qualquer jeito, desperdiçando recursos, energia e tempo. Um dos principais pontos para o sucesso dos plantios é a seleção criteriosa das espécies, devendo ser previstas uma maior quantidade e diversidade de espécies nativas dos ecossistemas do entorno. O emprego de espécies nativas na arborização e ajardinamento público e privado traz diversas vantagens como contribuir com a conservação da biodiversidade, com a introdução ou apenas manutenção no caso de nativas remanescentes da vegetação original ou ainda as que surgem por propagação espontânea; trazem um embelezamento distinto do “normal”, com texturas, cores e formas diversas, com a “cara do lugar”; efeito educativo, uma vez que muitos são os que só irão conhecer as espécies nativas, por toda sua vida, se inseridas ou conservadas em ambientes urbanos. Outra vantagem do uso de nativas é a formação de Corredores Ecológicos proporcionando assim o fluxo de genes, animais e plantas entre os remanescentes florestais existentes. Também as nativas, por serem adaptadas ao meio tem mais vigor e são mais resistentes à pragas e doenças, intempéries e condições adversas, o que reduz ademais os custos de manutenção para que forneçam todos os benefícios da vegetação nos meios urbanos de forma durável, como a melhor infiltração de águas, proteção de mananciais, abrigo e alimentação da fauna autóctone, filtro de poluentes e ruídos, amenização de temperaturas, beleza paisagística e conforto psicológico.
O objetivo deste trabalho é apresentar uma Lista de Árvores Nativas do estado do Ceará, com possibilidade de uso na arborização urbana de Fortaleza, separadas apenas pelo porte. É sabido que a maioria dessas espécies não está disponível nos viveiros da região, onde predominam exóticas, contudo esta lista irá por certo, despertar a atenção para as muitas possibilidades em nossa desconhecida flora, para uso em projetos de arborização, incentivando a coleta de propágulos e a produção de mudas, a partir do conhecimento. Necessário haver nas equipes quem conheça essas espécies em campo, de preferência botânicos, para que orientem as coletas e seu melhor emprego e manejo conforme as características e a ecologia das espécies. Se a espécie é heliófila ou umbrófila, caducifólia ou perenifólia, de locais secos ou úmidos, formato da copa, etc.
Gameleira tem raízes muito agressivas, devendo ser plantada longe de edificações e tubulações. Juazeiro apresenta brotações com abundância de espinhos, que devem ser removidas. Araticum-do-brejo é própria de solos encharcáveis, devendo ser plantada em margens de rios e lagoas. Embiratanha perde as folhas na época seca, sendo inadequada onde a intenção seja sombra plena e não é adequada a podas. Limãozinho possui muitos acúleos no tronco devendo ser inserida afastada da circulação.
Também importa dizer que há lacunas nesta área em relação ao comportamento de algumas espécies em meio urbano quanto a raízes, tolerância a podas, necessidade de maior ou menor irrigação, velocidade de crescimento, resistência de galhos, melhores espaçamentos, etc. Estudos e práticas são altamente recomendáveis.
Buscamos uma mudança de paradigma, não é mais possível que só tenhamos gramados, palmeiras e yucas, sem falar das exóticas invasoras, nas cidades do país da megadiversidade.
RELAÇÃO DE ÁRVORES NATIVAS PARA ARBORIZAÇÃO DE FORTALEZA
ESPÉCIES NATIVAS DE PEQUENO PORTE (Até 4m)
Açoita-cavalo (Hirtella ciliata)
Arapiraca (Chloroleucon acacioides)
Angelca (Guettarda platypoda)
Angelim (Dahlstedtia araripensis)
Araticum-do-brejo (Annona glabra)
Catingueira (Cenostigma nordestinum)
Chifre-de-carneiro (Godmania dardanoi)
Coco-babão (Syagrus cearensis)
Freijorge-louro (Cordia glabrata)
Imburana (Commiphora leptophloeos)
João-mole (Guapira laxa)
Jucá (Libidibia ferrea)
Mangaba (Hancornia speciosa)
Milhomens (Leptolobium dasycarpum)
Murta (Eugenia punicifolia)
Pau-branco (Cordia oncocalyx)
Peroba (Tabebuia roseoalba)
Pereiro (Aspidosperma pyrifolium)
Piqui (Caryocar coriaceum)
Pitiá (Aspidosperma ulei)
Pau-violeta (Dalbergia cearensis)
Sabonete (Sapindus saponaria)
Ubaia (Eugenia luschnathiana)
Ubaia-de-cachorro (Eugenia azeda)
ESPÉCIES NATIVAS DE MÉDIO PORTE (4-8m)
Aldrago (Pterocarpus rohrii)
Almescla (Protium heptaphyllum)
Amargoso (Vatairea macrocarpa)
Burra-leiteira (Sapium glandulosum)
Cajueiro (Anacardium occidentale)
Caraúba (Tabebuia aurea)
Caroba (Jacaranda brasiliana)
Catanduba (Pityrocarpa moniliformis)
Coaçu (Coccoloba latifolia)
Cumaru (Amburana cearensis)
Embiratanha (Pseudobombax marginatum)
Freijorge (Cordia trichotoma)
Gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium)
Ingaí (Inga laurina)
Ingazeira (Inga vera affinis)
Inharé (Brosimum gaudichaudii)
Ipê-verde (Cybistax antisyphilitica)
Jataí (Apuleia leiocarpa)
Jatobá (Hymenaea courbaril)
Jenipapo (Genipa americana)
Juazeiro (Ziziphus joazeiro)
Limãozinho (Zanthoxylum rhoifolium)
Marfim (Agonandra brasiliensis)
Mulungu (Erythrina velutina)
Murici (Byrsonima sericea)
Mutamba (Guazuma ulmifolia)
Pacotê (Cochlospermum vitifolium)
Paineira-de-dunas (Pachira endecaphylla)
Pajeú (Triplaris gardneriana)
Pau-branco-louro (Cordia glazioviana)
Pau-d’arco-roxo (Handroanthus impetiginosus)
Pau-d’arco-amarelo (Handroanthus chrysotrichus)
Pau-d’arco-amarelo (Handroanthus serratifolius)
Pau-d’arco-sapucaia (Zeyheria tuberculosa)
Pau-jangada (Cordia toqueve)
Pau-sangue (Pterocarpus villosus)
Pitomba (Talisia esculenta)
Praíba (Simarouba versicolor)
Quina-quina (Coutarea hexandra)
Rabujeira (Platymiscium floribundum)
Trapiá (Crateva tapia)
Xixá (Sterculia striata)
ESPÉCIES NATIVAS DE GRANDE PORTE (> 8m)
Angelim (Andira surinamensis)
Angico-branco (Albizia niopoides)
Barriguda (Ceiba glaziovii)
Bordão-de-velho (Samanea tubulosa)
Cajá (Spondias mombin)
Carnaúba (Copernicia prunifera)
Cássia-rosa (Cassia grandis)
Cedro (Cedrela odorata)
Gameleira (Ficus elliotiana)
Oiti (Licania tomentosa)
Oiticica (Microdesmia rigida)
Pau-pombo (Tapirira guianensis)
Macaúba (Acrocomia intumescens)
Madeira-nova (Pterogyne nitens)
Marizeira (Geoffroea spinosa)
Mirindiba (Buchenavia tetraphylla)
Piroá (Basiloxylon brasiliensis)
Sabiá-tiúba (Colubrina glandulosa)
Tarumã (Vitex polygama)
Timbaúba (Enterolobium timbouva)
Antonio Sérgio Farias Castro
Eng. Agrônomo e Botânico